sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Homem-Aranha

Isto assim não pode continuar... Ou ficam vocês, ou fico eu. Vá, fiquem desse lado, que eu fico deste, e assim não nos chateamos. Não me queiram ver chateado, porque sou capaz de muita coisa, inclusive coçar o pé de atleta do vizinho do 5º esquerdo. O pobre coitado não consegue estar dois minutos sem tirar os sapatos e coçar o pé infectado. Na minha opinião, amputava-se o pé e resolvia-se o problema pela raiz. Está bem que o senhor não é uma árvore, mas até foi uma bonita analogia, não acham? Cortar a raiz, cortar o pé... Ok, peço desculpa, foi demasiado forçada. Bom, vamos ao que interessa, que a praia já me está a chamar. Quem é que se passa dos carretos com as pessoas que vão à nossa frente a passo de caracol-do-Burundi? Sinceramente, é sempre quando tenho mais pressa que Deus me coloca um velhote de mãos atrás das costas e uma velhota com aqueles sacos de compras com rodas e aos quadrados. Para ajudar à festa, o passeio é sempre apertado e metade está ocupado com carros, além de que um "Com licença" não serve de nada, visto que são surdos que nem uma porta. Querido Deus, eu ajudo a Unicef, ajudei uma pessoa cega durante 10 minutos, não bati na minha mulher este mês (vá, esta semana...), não bati na minha outra mulher ontem, não gozei com toda a gente que me passou à frente, e não dei arrotos muito altos na cantina. Será que podes dar-me uma mãozinha e, das duas, uma: ou deixas de pôr pessoas lentas à minha frente, ou então dás-me o poder do homem-aranha (o da Marvel, que para ser o homem-aranha-humano que escala os arranha-céus mais famosos do mundo teria de arrancar do meu cérebro a parte do bom-senso) e assim consigo ultrapassar eficazmente as lesmas com três pernas. Com algum treino, ainda consigo fanar as boinas dos velhotes para que apanhem frio na reluzente careca e andem mais depressa para chegarem a casa e meterem uma das restantes 345243 boinas que têm no cabide. Sim, que eu já reparei que um velho que se preze gasta a sua enorme reforma em boinas e faz questão de usar uma diferente todos os dias. Ou não. Se calhar são horas de ir ali e voltar apenas na próxima semana, não acham? Pois, eu também não. Vou ficar aqui a olhar para vocês, que hoje meteram aquele batom do cieiro que deixa os lábios com um tom entre laranja e rosa... Vá, como a maioria de vocês entra de férias no Domingo (a ressaca apaga Sábado da vossa memória), vou pescar uns robalos para o pequeno-almoço. Até lá, fiquem por acolá.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

"Mãe, compra-me aquela boneca!"

Olá meus queridos. Muitas saudades minhas? Eu sei, eu sei, é complicado estar tanto tempo sem mim. Quase tão difícil como levar com um tornado nas fuças, mas não há disso em Portugal, graças a Deus e à senhora Clementina que costuma apanhar o 36 para o Cais do Sodré. Mas, por muito que vos custe, mais depressa se reforma o senhor que vende cachecóis, guarda-chuvas e echarpes na Estação de Entrecampos do que vocês deixam de levar comigo. Por falar em levar, ainda agora começaram os anúncios de Natal e já estou farto. Porquê? Por várias razões, mas as principais são que já não tenho idade para pedir brinquedos à família, não tenho coragem para ir a uma loja comprar uma coisa que diga na caixa "Para crianças até 12 anos" e dizer que é para o meu primo pequenino sem me rir, e não aguento mais o marketing à volta de certos produtos. Não estão a perceber? Então metam mais alto, que percebem logo. Estava eu a ver os Morangos com Açúcar, série 453, quando foi intervalo. Em vez dos habituais anúncios do Joaquim a dizer à Mafalda que a dona Joana era a mãe da Beatriz e dos shampôos anti-caspa com o melhor jogador do mundo, vem a publicidade de uma boneca qualquer, estilo Barbie. "Compra já a tua boneca-cujo-nome-o-Tiago-não-decorou!", dizia uma voz feminina extremamente apelativa. Uns dias depois, no intervalo dos Morangos com Açúcar, série 897, a publicidade já era sobre um cão de brincar. Até aqui, tudo bem. Mas, no fim, a voz (não é a da Casa dos Segredos... Hum, tenho de fazer um post sobre isso! Ou não.) diz "compra já o cão-da-boneca-cujo-nome-o-Tiago-não-decorou!". Mau, temos conversa. Então os pais têm de comprar dois brinquedos porque nenhum deles faz sentido sozinho? Estou a ver que na próxima semana, no intervalo dos Morangos com Açúcar, série 1734, vai haver uma publicidade do namorado-da-boneca-cujo-nome-o-Tiago-não-decorou! E na semana seguinte, porque estão na moda as relações passageiras, ela acaba com o namorado e arranja o novo-namorado-da-boneca-cujo-nome-o-Tiago-não-decorou, querem ver? E já agora, como ela tem muito dinheiro de fingir, viaja até ao Brasil e descobre o primo-da-boneca-cujo-nome-o-Tiago-não-decorou-e-que-ela-não-fazia-ideia-que-existia, não? E mais tarde percebe que afinal são primos em quarto grau e, portanto, podem fazer bebés, havendo mais dois bonecos para comprar: os filhos-da-boneca-cujo-nome-o-Tiago-não-decorou-e-do-primo-em-quarto-grau-e-portanto-já-podem-fazer-bebés-da-boneca-cujo-nome-o-Tiago-não-decorou... E os pais das crianças a arrotar o dinheiro todo. Enfim, vou brincar com os meus Legos, que vocês são muito crescidos para brincar convosco. Beijinhos no nariz vermelho da rena preferida do Pai Natal.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Viva o calor!

Epa, que calor! Acabei de chegar da praia, passei a maioria do dia dentro de água porque não estava mesmo a aguentar as temperaturas altas. Deixem-me só ligar o ar condicionado para refrescar a casa e já venho falar com vocês, suas coisas feias. Estou de volta. Oh lá, esqueci-me de pôr as cervejas na arca para estarem fresquinhas, já volto. Agora fico aqui, definitivamente. Juro. Com o calor que está, não me dá vontade de fazer mais nada, fico meio morto. Digam-me, como é que aguentam este calor? Sim, que eu bem vejo essas faces rosadinhas e a transpiração a correr a partir da testa. O que é que estão a dizer? Digam mais alto, não vos consigo ouvir. Vá, agora com uma voz humana, que esse grunhido de boi-almiscarado não serve. Ah, assim está bem. Estão a dizer que está frio? Não acredito. Aconselho-vos a usar roupa fresca, a ingerir muitos líquidos e a evitar andar na rua entre as 12h e as 16h. O quê? Está frio 24 horas por dia? Vocês não vivem em Moçambique? Não? Então está tudo explicado, eu vivo. Está um calor de morte, não estão bem a ver. A sorte é que aí em Portugal as temperaturas são amenas, de certeza que estão a passar um fim de Outono bem agradável. Por falar em coisas agradáveis, daqui a uma hora vou a um funeral. Lá estou eu a meter-me convosco. Caso não tenham reparado, quando entro numa carruagem do metro, Deus aumenta-me instantaneamente de tamanho, ficando perto dos 2 metros. Até aqui, tudo bem, para além de a maioria das pessoas ficar a dar-me pelo peito. O problema é que estou sempre a bater com a cabeça nas pegas penduradas no tecto, e não só. Este "não só" deixo para darem largas à imaginação e mandarem as sugestões para casa do Jorge Jesus. No outro dia, quando preparava-me para sair na estação seguinte, levantei-me devagarinho e com muito cuidado para não bater com a cabeça numa das pegas. Ao fazer esse movimento lento, toda a carruagem ficou com os olhos mim, só para pôr pressão. O metro deu um solavanco e eu, pois claro, bati com a nuca numa outra pega. Envergonhado, tentei sair dali o mais depressa possível, mas acabei por dar outra cabeçada na pega que inicialmente estava a tentar evitar. Como é óbvio, todas as pessoas estavam a achar piada ao meu espectáculo deprimente, por isso, como despedida em grande, dei uma última cabeçada na porta. Aposto que houve uma salva de palmas, mas eu já ia a correr escadas abaixo, e como tal não ouvi. Bom, as cervejas já devem estar fresquinhas, portanto, vão lá beber os vossos chás quentes que eu vou apanhar banhos de sol. Beijinhos a todos os que merecem e cuidado com o gelo entre os dedos das mãos.