sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

29 de Fevereiro

Quando eu era pequenino, tinha para aí 1,5 metros de altura, era uma criança muito curiosa. Passava a vida a fazer perguntas, digamos, estúpidas. Ainda hoje as faço, mas isso agora não interessa. Certo dia, estava eu a comer um Magnum branco por 180 escudos (ah pois, hoje custa mais do dobro) na mercearia do senhor Luís, quando oiço duas velhas à conversa. Não é que fosse cusco, mas já se sabe como são estas conversas: gritos com fartura, para que toda a gente fique a saber o que se passa no bairro. "Ah sim, este ano é bissexto, tem 366 dias. Lá vamos nós ter mais um dia em Fevereiro." Bom, eu tive de me meter. "Desculpem estar a interromper, mas gostava só de acrescentar uma curiosidade: de 4 em 4 anos há um ano bissexto porque o objectivo é manter o calendário anual ajustado com a translação da Terra e com os eventos sazonais relacionados com as estações do ano." Não, estou a brincar, acabei de copiar isto da Wikipedia. O que eu realmente disse foi: "Ah, então qual é o dia que aparece a mais?" Como é óbvio, a outra senhora disse-me que era o 29 de Fevereiro. Cheguei a casa e perguntei à minha mãe: "Oh mãe, posso comer Chocapic?" Ela deixou, e então fiz outra pergunta: "Quantas vezes há anos bissextos?" Lá me explicou que é de 4 em 4 anos, para a translacção coiso e tal. "Ah... Então quer dizer que só há 29 de Fevereiro de 4 em 4 anos?". "Sim, agora deixa-me continuar a ver o Big Show Sic." respondeu-me, já impaciente porque queria ver o Macaco Adriano a dar uma lambada ao João Baião. Eu fiquei, nessa altura, em pânico. "Então... Então quem tem a sorte de nascer a 29 de Fevereiro só faz anos de 4 em 4 anos? TAMBÉM QUERO! ASSIM ENTRAVA NA PRIMEIRA CLASSE JÁ COM CARTA DE CONDUÇÃO!". Bem, a minha mãe fez-me aquele olhar "desculpa-filho-mas-tu-és-adoptado-por-isso-é-que-és-tão-burro" e mandou-me pela janela. E assim foi. Se querem um conselho, não nasçam a 29 de Fevereiro, assim vão poupar o cérebro de atrasados mentais como eu. Por hoje é tudo, que tenho uma panela de canja ao lume. Adeus.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Bla bla bla bla Wiskas saquetas

Pois, é melhor ficarmos assim antes que haja chatices entre nós. Sim, estou a falar convosco, seus camelos da Antárctida. Pensavam que conseguiam enganar-me? Isso é que era bom, eu arranjo sempre maneira de vos encontrar e dar-vos uma seca de dois minutos. Bem, no caso da menina de pijama com ursinhos, aposto que demora, pelo menos, o dobro do tempo a ler os posts. Sua burra. Estava eu a comer a ração do meu cão enquanto via televisão quando, de repente, aparece um sujeito, no mínimo, surreal e engraçado, a ser entrevistado. Ao fim da terceira palavra, consegui perceber que afinal estava a falar português, mas com sotaque madeirense. "Olha, se calhar é o tal candidato à Presidência da República que passa a campanha a atacar os outros e, principalmente, o Alberto João Jardim, em vez de dizer se vai fazer alguma coisa pelo país.", disse eu ao Geremias, o meu amigo imaginário. Ele não me respondeu porque estava ocupado a olhar para uma bola de cotão que tinha encontrado no umbigo, mas percebi pela posição dos seus pés que estava a concordar comigo e que, de facto, era mesmo o José Manuel Coelho que estava na televisão. A certa altura, o senhor diz "Nã sou come esses pates braves de gravata que andam aí a roubar o dinhere dos contribuintes" (Tradução: não sou como esses patos bravos que andam aí a roubar o dinheiro dos contribuintes. Sim, esta tradução é só para quem tiver um QI abaixo de 40, equivalente a atraso mental profundo, porque é um sotaque que se percebe perfeitamente quando falado por pessoas normais) e foi aí que me engasguei e mordi a bochecha, falhando o processo de mastigar um bocado de ração. Ora bem, já toda a gente mordeu a bochecha, não me venham com tretas. E sabem que dói muito, até nos vêm as lágrimas aos olhos e a dor espalha-se até ao ouvido. Daí a uns minutos, começa a inchar. A não ser que a pessoa em questão esteja a soro e, por isso, não precisar de mastigar comida (mas ser estranho morder a bochecha se não mastigou nada), é quando começa a inchar que se dá início a um jogo engraçado: tentar não voltar a mordê-la. Começamos a mastigar mais do lado contrário, para evitar acertar no inchaço, mas basta uma distracção para morder de novo e voltar tudo à estaca zero. Ao fim de três ou quatro dias, já está quase curado, lembramo-nos de comer qualquer coisa à bruta e pimba, lá volta o inchaço. Bem, esta conversa deu-me fome, pena a ração do meu cão já ter acabado. Se calhar vou experimentar as Whiskas Saquetas do meu gato, a ver se é bom. Pelo menos não são rijas, e assim não estrago a placa. Por falar em gente com placa, alguém me arranja o número do Carlos Castro? É que gostava de enveredar pelo mundo da moda e... Ok, esqueçam lá.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Entre o queixo e o pescoço, não se mete a colher...

Vamos lá a ver se chegamos a um acordo: ou começam a aparecer aqui vestidos, ou então eu também começo a aparecer todo nu. Acreditem, é algo que vocês não vão querer ver. Sabem aqueles esqueletos que antigamente sorriam-nos nas aulas da primária? Não estou a falar da professora, porque cadáver andante e esqueleto são coisas distintas. Pois, eu sou um desses, mas com pele e barba. Bem, já que estamos numa de anatomia, vamos ver um episódio da série. Lá estou eu na brincadeira, não vamos nada. Estava eu muito descansado a fazer flexões há 7 horas enquanto fazia uma garoupa salteada no forno para o lanche, quando vejo uma notícia que, para além de estranha e, até, extremamente ridícula, estava mal explicada. Querem saber? Não me interessa, eu digo na mesma, quem manda sou eu. "Jovem sofreu um golpe entre o pescoço e o queixo quando manuseava uma navalha." Deixem-me só parar de rir, que já retomo o texto... Já está. Bom, saltando a parte em que o jovem deve ter pensado "está no intervalo dos Morangos com Açúcar, deixa-me cá manusear a navalha por uns minutos." e pôs-se a brincar com aquilo como se brincava antigamente com um iô-iô, não consigo perceber em que parte do corpo é que ele se cortou. Vamos por partes, de cima para baixo: ar, cabelo, testa, olhos, nariz, bigode farfalhudo ou buço descolorado no caso das meninas, queixo, pescoço, peito... Ora bolas, devo-me ter esquecido de alguma coisa entre o queixo e o pescoço... Outra vez: coiso, coiso, coiso e tal, coiso... Fogo, esqueci-me outra vez, porque tem de haver alguma coisa entre o queixo e o pescoço. Se vinha numa notícia, é porque essa zona existe... Sinceramente, senhor jornalista que fez esta notícia: Ou diz o nome do que existe entre o queixo e o pescoço, ou então para a próxima vez que o jovem se cortar entre o pescoço e o queixo (mudei a ordem porque sou bué fixe e rebelde), diga apenas que ele se cortou, está bem? Muito obrigado, pode voltar ao seu trabalho. Quanto aos meus três leitores e meio, desejo-vos uma semana cheia de qualquer coisa que não traga coiso, que isso é tramado para o reumático. Beijinhos na zona entre o queixo e o pescoço (ah, quase que conseguia evitar dizer isto...)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Saudades?

Eh lá, o que é que se passou convosco? Esses dias de festa fizeram-vos mal, não foi? Só boa comidinha feita pelas avós e tias, e os doces às toneladas. Mas vá lá, não estão assim muito gordos, admito que só reparei nisso quando vos vi rebolar até ao computador. Tiveram saudades minhas? A menina de camisola azul e o rapaz todo nu, façam o favor de sair, que eu bem ouvi as vossas respostas negativas. Pois é, não foram os únicos a ter saudades de alguma coisa. Aqui há uns dias, estava eu a molhar uma rabanada na coca-cola enquanto olhava para a televisão, e vi uma notícia, no mínimo, estranha. Não, não é nada sobre o maior bolo-rei nem sobre o Pai Natal mais velho do mundo. A notícia era mais ou menos assim: homem em liberdade precária assalta um carro, cujos ocupantes eram ambos polícias, a 5 metros de uma esquadra. (Pausa para assimilarem a informação... Podemos prosseguir.) Hum, deixa cá ver... É melhor abordar a coisa por partes. Primeiro: se o raio do homem está em liberdade precária, porque é que se lembrou de assaltar um carro? "Ah, deixa cá assaltar um carro só para matar saudades." Será que ele não se lembrou que foi graças a vários assaltos que passou a ver o sol aos quadradinhos e a ter cuidado para não deixar cair o sabonete no banho? Segundo: se estava sozinho, para que é que foi assaltar um carro com dois homens lá dentro? "A musculação que fiz no ginásio da prisão tem de ser comprovada, deixa cá ver um carro que tenha dois homens que me possam dar uma tareia de caixão à cova..." Escolha errada porque, para seu azar, escolheu não só dois homens, mas também dois polícias. Boa Zé Mãozinhas, com essa sorte devias ter jogado na lotaria de natal. Terceiro: porque é que foi exercer a sua profissão ao lado de uma esquadra? Não é perto de uma esquadra, mas sim ao lado. Era para dar mais pica? Sinceramente, o raio do bicho devia adorar o bacalhau cozido da prisão, porque foi aí que passou a consoada. É verdade, achavam que eu não tinha uma prenda para vocês? Já me deviam conhecer, gosto tanto de vocês que deixei um presente para cada um num armazém ali como quem vai para coiso, mas antes de chegar a tal sítio. Quando chegarem ao armazém, procurem o senhor de verde e ele vai-vos perguntar: "Ovos?". Vocês vão ter de dizer a senha, que é "Arroz di galhinha". Ainda aí estão? Despachem-se!